quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

De volta à insónia



aceito a inutilidade que carrego nas mãos,
os quartos são sempre iguais,
o eco das paredes
permanecem terrivelmente sós,
tão sós como as folhas que se mutilam
nos passos cansados por um par de botas abandonadas

o vazio das algibeiras preenchem
este pedaço de terra que me desola o peito,
de dentro arranco um rio infindo
de moinhos,
o pão é talhado ruidosamente
pela febre de bocas que mastigam a minha sanidade

onde quer que poise o olhar
o retorno do vento é sempre veloz,
a mecha já não adorna as candeias,
vejo-me no meio do hall,
completamente perplexo,
as vozes rogam pela vida

ainda moro
no infinito das coisas simples,
onde o mar começa
e a noite acaba,
onde as flores fazem amor ao relento,
e os lobos
se deitam comigo
à procura da lua dentro do meu quarto crescente


Conceição Bernardino

Desenho feito a pastel - tamanho A3

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Apresentação do Livro "Identidades" de Conceição Bernardino






A Editorial lavra…Boletim de Poesia” e a autora, tem o prazer de @ convidar para a apresentação do livro de poesia e prosa “Identidades”, de Conceição Bernardino e seus pseudónimos, que será apresentado por Ana Almeida Santos, pelas 16.30 horas do dia 15 de Junho de 2013, no OLIMPO(Bar-Café), à  Rua da Alegria 26, no Porto. 

Conceição Bernardino e seus pseudónimos

quarta-feira, 28 de março de 2012

Em meados de Maio o meu livro "Nono Sentido estará à venda nas seguintes livrarias

 
 
Quem quiser adquirir o meu livro "Nono Sentido" pode entrar em contacto comigo via email, conceicao.mami@sapo.pt ou então através da minha Editora Temas Originais, Lda. em breve colocarei aqui e nos meus blogs as livrarias onde estará à venda o meu livro.

Muito obrigada

Em meados de Maio o meu livro "Nono Sentido estará à venda nas seguintes livrarias:

Redes livreiras:

Fnac
Bertrand
... El corte Inglês
Wook
Sonae
Sitio do livro
Bulhosa
Almedina

Livrarias tradicionais:

Portugal Lisboa
Apolo 70 Lisboa
Espelho do tejo Lisboa
Escolar Editora Lisboa
cumes literários Lisboa
Letras e livros Leiria
Cube Literário do Porto (2194) Porto
Vida economica Porto
Sousa e almeida Porto
Salta Folhinhas (só infantil) Porto
Unicepe Porto
Locus Povoa de Varzim
Diz tudo 367 Matosinhos
Livraria dos Carvalhos 1281 Vila Nova de Gaia
Culturminho Braga
Livraria Minho Braga
100 pagina Braga
Livraria Ideal 1586 Guimarães
netbooks Fafe
Fontenova Famalicão
Fundação Livraria esperança Funchal
Papelaria Bonzão Coimbra
Aguiarense Vila Pouca de Aguiar
Rosa Douro Bragança
Na sombra dos livros Évora
Nun´Alvares Portalegre
Poética Macedo de Cavaleiros / Bragança
Ver mais

Deixe a sua opinião



Gostaria de pedir aos leitores do meu livro "Nono Sentido", com o pseudónimo literário de Carlos Val que deixassem aqui a vossa opinião sobre o livro, é muito importante para mim seja ela positiva ou negativa.

Grato pela atenção

Conceição Bernardino

segunda-feira, 19 de março de 2012

24 Março - Lisboa - Carlos Val e Teresa Teixeira


Os autores, Carlos Val, pseudónimo literário de Conceição Bernardino, e Teresa Teixeira, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de apresentação dos livros “Nono Sentido” e “Da serena idade das coisas”, a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no próximo dia 24 de Março, pelas 16:00.

Obras e autores serão apresentados pelos poetas Rosa Maria Anselmo e Xavier Zarco.

O meu agradecimento profundo



Deixo-vos o meu agradecimento e um pouco de mim, neste dia memorável onde a fraternidade esteve ao rubro juntamente com a poesia e a música.


Boa tarde a todos,


Partindo do pressuposto de que a minha presença aqui se justifica mais pela escrita do que pela fala, e como improvisos não é comigo, resolvi escrever o que agora vos leio.

Em primeiro lugar e antes que a emoção me traia, quero agradecer às duas pessoas mais importantes da minha vida que me apoiam dia após dia, a minha querida mãe que está hoje aqui presente e a quem dedico este livro, e à Isabel Pereira, sem elas não seria possível estar aqui na vossa companhia a lançar o meu terceiro livro “Nono Sentido”.

Agradeço também:

À minha querida amiga e apresentadora de sempre Rosa Maria Anselmo, que me acompanha nestas caminhadas. Grata minha amiga por tudo o que tens feito por mim.

À minha editora temas Originais e em especial ao Xavier Zarco, pelas palavras que destinou no prefácio deste livro e pela sinceridade que sempre demonstrou para comigo e para com a minha escrita.

À minha querida Renata Gonçalves pela excelente voz e ao Zé Pedro excelente músico que nos vão presentear e abrilhantar este evento com as suas músicas.

O meu reconhecimento aos membros do Olimpo Bar (Luís Beirão, Ana Almeida Santos e Manuel Nogueira) pelo apoio que prestam às artes, cedendo este espaço acolhedor gratuitamente. Um abraço sentido pelo carinho com que nos acolhem.

Ao meu querido amigo Eduardo Roseira por dedicar a sua voz talentosa aos meus poemas e por estar sempre ao meu lado nesta caminhada literária.

À minha família, aos meus amigos e a todos os presentes e ausentes que sempre me apoiaram neste meu percurso.

Cabe-me agora falar um pouco do devaneio deste meu pseudónimo Carlos val.

Há uns meses senti necessidade de me desvincular da minha escrita de vertente social, não pelo fato de não me sentir realizada, mas sim para criar algo novo que me fizesse sentir mais completa literariamente numa vertente mais intimista.

Perguntam vocês: O porquê de um pseudónimo masculino?

Pela necessidade de obter criticas e opiniões imparciais nos sites onde escrevo e também porque gosto de me propor a novos desafios.

Apesar de ser o livro que mais trabalho me deu, foi o que escrevi em menos tempo e que mais prazer me deu pela sua invulgaridade e transcendência.

Obrigada a todos mais um vez pela vossa presença e espero que desfrutem deste “Nono Sentido”


17-03-2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Lançamento do Livro "Nono Sentido" de Carlos Val, pseudónimo literário de Conceição Bernardino




O autor, Carlos Val, pseudónimo literário de Conceição Bernardino, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro “Nono sentido” a ter lugar no Olimpo Bar Café, sito na Rua da Alegria, 26, no Porto, no próximo dia 17 de Março, pelas 17:00.

Obra e autor serão apresentados pela poetisa Rosa Maria Anselmo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Plutocracia





Devolvo-me à superfície das pedras
Como um nómada acabado de nascer
Entre as muralhas ilegítimas
Desta mediocridade ornamental, apressada
Pelos barões, pelos bastões
Desta lacónica pátria
Pendurada na palma da mão
Do pedantismo dos pombos
O Führer acendeu a tocha
Nas chagas de um Cristo todo-poderoso


Conceição Bernardino

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Retalhos V



Fui crescendo na morte, que corroía as linhas paralelas das minhas mãos semiabertas. Aprendi rapidamente a renascer nos braços abertos de um espantalho, usurpando o medo que consumia os horizontes da minha solidão. Quis correr mas não tinha pernas, qualquer mortalha ostentava a minha condição de pássaro ferido, à procura de uma migração prematura onde os poetas só mudam de pena.
Nem as serpentes de aço em que me enclausuraste calaram a minha austeridade de mulher, [deformada] por um vilão que se alimentava de pombos mal definidos.


Conceição Bernardino

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

As pupilas dilatadas da saudade


No verde dos olhos esconde-se uma flor de aço
Na ilusão comestível do entardecer os passos
Apressam o aspecto do meu corpo, corro
Como limalhas em horas de ponta à procura
Da última chuva que se acomoda na lama
No silêncio os violinos molham-me o rosto

Os dedos dormentes abrigam-se num fólio
De sílex sobre as pupilas dilatadas da saudade
Ama-me antes que a chuva se dissolva
Num adeus prematuro nos teus lábios.

Conceição Bernardino

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Este é para ti, meu amor…

                               

Meu amor, se soubesses como procuro dentro do teu olhar o vazio que deixas repousar sobre os teus ombros encolhidos, quando o silêncio se pronuncia por ti nas palavras não ditas, sinto-me tão impotente nesse ensejo que daria os meus olhos para te encontrar
Olho-te, arranco-te um sorriso feito de emoções embrulhadas nos nossos corpos, num papel de abraços cristalinos e a lágrima cai sobre um laço de amor que não se explica sente-se mutuamente em cada segundo que passa, por mais doloroso que seja, por mais feliz que te veja é assim que nos protegemos, ontem tu hoje eu.
 Hoje jurei que não choraria: mas sabes às vezes sinto tantas saudades daqueles tempos em que me deitava no teu regaço com medo da vida e tu consolavas a minha dor a incompreensão que emergia dentro de mim. Quando saímos juntas para comer um gelado nas noites quentes de Verão.
Ò meu amor, minha mãe como se explica este amor que sinto por ti, às vezes dói tanto que sangra…talvez seja as dores de um parto abençoado que carregamos juntas todos os dias.
    
 Conceição Bernardino

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Peditório Urgente



Caros cidadãos, venho por este meio prestar a minha solidariedade com o nosso amigo Aníbal e a sua Mariazinha, peço-vos encarecidamente que ajudem e contribuam com alguma coisinha. Este pobre homem só recebe onze mil trezentos e quarenta e dois euros mensalmente. É impossível com este rendimento aguentar o custo de vida, como pode este casal de desgraçadinhos viver com dignidade se não ganham o suficiente para pagarem as despesas no final do mês?
Enviei cartas a todas as instituições de caridade do nosso país até para o albergue dos sem-abrigo da Trindade que se prontificaram logo a dar-lhes uma sopinha quente o problema é que a Mariazinha não gosta de comer na marmita só sopas de pacote e o Aníbal faz alergias à couve lombarda só engole as de Bruxelas. Bem que eu andava desconfiada, porque o homem só abre a boca para dizer; “eu avisei que isto não andava nada bem”.
Por isso seja solidário envie para o Palácio Nacional de Belém o que puder, arroz carolino, santolas, cheques visados, cupões de descontos dos hipermercados, raspadinhas, lotarias, produtos de beleza para a Mariazinha, porque a verdade se diga a senhora anda muito mal das peles, eles aceitam tudo desde que o valor seja superior ao rendimento mensal.
Eu já fiz o meu donativo mandei-lhes um das Caldas bem grande para irem gozar com o caralho.
Ajude, eles sempre foram tão poupadinhos, enviem-lhes o manual, “como viver com cento e cinquenta euros mensais”.

Viva a igualdade, viva o Presidente do choradinho!

Conceição Bernardino

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fissuras do tempo




As paredes estão vazias
repletas de fissuras
de imagens, sussurros
de pregos trôpegos
curvados pelas sombras.

Já não escuto a voz
nem sinto o bocejar da noite
apenas as linhas,
que escrevo sobre
o papel da minha alma.

As letras miudinhas
confundem-se no branco
dos lençóis remendados
onde o silêncio se aconchega,
do ruído que não chega
do ranger das portas
que já não se abrem

adormeço sem saber se volto…
   …no rodopio das cortinas
   da minha liberdade.
   
 
 Conceição Bernardino

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Este país não é para totós



Contra-indicações: se sofre de gases, azia, urticária, varizes, hemorróidas, acne, enxaquecas, lombrigas, bicha-solitária, pés de galinha e outras coisas acabadas em inha não leia, caso sinta algum destes sintomas procure de imediato um totó.

Ando com um totó entalado no nariz, o raio do macaquinho entope-me as fossas nasais de tal forma que nem um balde de água do mar o afoga, já experimentei de tudo, pinças, cotonetes, lipoaspiração e imaginem só que até o tubo do aspirador tentou suga-lo mas a única coisa que aspirou, foi uma moeda de cinquenta cêntimos, fizeram-me cá um jeitaço dos diabos estava mesmo tesa que nem um jaquinzinho.
Existem vários tipos de totós, para cabelos compridos, curtos, ondulados e para carecas, confesso que o meu preferido é daquele mesmo totó até ao tutano que compra todos os manuais instrutivos para totós. Estou a pensar seriamente abrir uma instituição de apoio ao totó e para totonas e angariar umas croas à custa desta classe mais desfavorecida. Dói-me muito quando vejo um totó a chorar por maus tratos de foro cabeludo ou narigudo, tudo lhes pega é piolho, chato, sarna, carraça que dá cá umas comichões entrefolhos que nem vos conto. Pobres vítimas da civilização enfiados por baixo das carapuças e dos chapéus de palas circulam por todo o lado e se abanarmos muito a cabeça o coitado vomita, porque não consegue aguentar uma mexedela de consciência, precisa sempre de uma cabeça que o guie, nem que seja a do alfinete que é bom para furar balões em dias de festa, ou na procissão da nossa senhora dos caramelos sem açúcar para segurar no estandarte dos chupas. Ai por falar em chupas, já me esquecia de comunicar aos totós que já existe chupas à venda nas farmácias a custo baixo ou alto, conforme a medida do totó, são feitos de vaselina com sabor a arroz de pato, não vá alguém lembrar-se de prender os cabelos do cú.

Viva os totós, viva a liberdade dos caramelos!

Conceição Bernardino

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Dissertação sobre o estado da nação visto de dentro para fora


Trago pensos nos bolsos e um frasco de betadine na mão direita, na esquerda um saco de algodão em rama e um espelho de aumento, já revirei o pensamento embrulhei-o em jornal, das tripas faço coração sem enteróclise, limito-me à audição fugindo do imbróglio da carolice, arrumo o estômago dou um sorriso ao fígado e penteio a vesícula.

Amanhã trato do umbigo e quem sabe troque o betadine por álcool etílico, faço alergias ao látex e a pírula faz-me cócegas no esófago.


- Desculpe, tem pomada para as hemorróidas? Não? Então embrulhe-me um saco de almofadas.



Conceição Bernardino

sábado, 17 de dezembro de 2011

Etiópia, a última ceia




Aperta-me as mãos, estão geladas
ainda que não as sintas, aperta-mas,
são elas que carregam o pão, da última ceia
deste ventre inchado, onde as moscas acasalam
na aresta da lágrima que desenha os meus olhos.

A vida escoa-se, a viagem dilata-se
entre a correria apressada dos corpos
onde os oceanos são feitos de terra amarelecida
e os glaciares infaustos, aperta-me as mãos
antes que o sol se ponha e nos vista de medo.

Mãe negra,
é breve o teu lamento…ouço-as, gritam,
num círculo fechado, na cartilagem das sílabas
escritas, vendadas pelo sangue frio
que carregas nas mãos, a fome.


Conceição Bernardino