Todas as estações do escarpado calvário
ajoelham-se à minha porta.
Fecho as cortinas dos meus olhos,
saboreio o graal da Primavera amortecida
pelas chuvas que ainda gaguejam
ruídos sonantes,
num malmequer envergonhado.
Os sinos já não acordam de manhã
nem as papoilas se despem de ópio,
retiraram-lhes os cabelos grisalhos das andorinhas
e os braços longínquos do sol.
Se ao menos eu pudesse
devolver-lhes as ladeiras da minha vida,
talvez eles voltassem…
…voltassem, anunciar
como dói o verde cerrado da despedida.
Conceição Bernardino
domingo, 6 de fevereiro de 2011
…nunca digas adeus
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
A minha cruz
Olá Conceição,
isto está complicado, eu já tinha tentado noutros lados e pouco consegui, a mentalidade dos Portugueses é aquela descrita no artigo de Clara Ferreira Alves.
Houve um comentário muito bom de uma pessoa mas depois comentam outros artigos e este não lhes diz nada, se calhar é demasiado sério para eles!
Na minha procura por informação, encontrei este artigo de um jornalista, novamente Clara Ferreira Alves.
«[...] Nunca foi tão visível o empobrecimento intelectual do jornalismo e da política. O jornalismo tem de fazer as perguntas que ninguém faz e obter as respostas a que o
público tem direito. Chegaram à profissão carregamentos de jovens sem preparação, mão de obra barata que exerce a profissão com a leviandade e a ignorância dos maus alunos. Existem colunistas e comentadores de cueiros, ligados a partidos e presumindo de independentes, existem estagiários a cobrir acontecimentos históricos, existem editores que não editam, existem prioridades invertidas. Existem trepadores sociais e velhos do Restelo. [...]»
Este fim de semana vi um artigo cujo titulo era "Estratégias de manipulação", e diz o seguinte entre outras coisas:
A estratégia da diversão
Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes. A estratégia da diversão é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.
Dirigir-se ao público como se fossem crianças
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes
próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. “Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos“. (“Armas silenciosas para guerras tranquilas”, do mesmo autor).
Manter o público na ignorância e no disparate
Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores“.
Este país é pior do que uma republica das bananas e impera a lei da selva. As pessoas são tão "cegas" que não percebem que são usadas e que um dia isto pode-lhes também acontecer.
Obrigado, um abraço,
Arsénio Almeida
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Hoje apetece-me rir
Hoje apetece-me rir,
da merda deste País, da ditadura reciclável
que nos impõem descaradamente
das mãos nojentas que nos metem nos bolsos
dos colarinhos brancos sujos até às entranhas
dos Pinochets disfarçados de bons samaritanos
das taxas irreais que nos cobram absurdamente
Hoje apetece-me rir,
dos rendimentos milionários dos burocratas
das pensões vitalícias dos corruptos
dos falsos tridentes, das mãos gordas
que nos tratam como dejectos
À foda-se,
hoje apetece-me rir,
do discurso do Sócrates
ao som do Cavaquinho
que nos pedem sacrifícios
em prol de um País pobrezinho
Hoje apetece-me rir,
da minha grande estupidez,
porque onde caga um português cagam logo
dois ou três.
Conceição Bernardino