quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

réstia de qualquer coisa


Vi aqueles meninos cercados de uma febril dolência, cobertos de moscas imundas. As costelas uniformes, salientes, sobre a pele desidratada, carcomida pelo sol abrasador que queima a secura de um povo, espalhado entre os cadáveres e as fendas inférteis da terra.
Aloja-se a nudez, as barrigas avolumadas na crueldade da fome, respiram o cheiro pestilento que a morte sobeja no horripilante.
Não consigo sequer descrever, meu olhar paralisou, tudo o que a minha mente sentia.
Olhei à minha volta, eram milhares que em silêncio pediam-me apenas um sorriso, uma réstia de qualquer coisa.
Nesse preciso momento, implorei!
Onde estás Deus?
Porque deixas que o egotismo dos homens tire proveito das planícies extensas da miséria?