terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fissuras do tempo





As paredes estão vazias
repletas de fissuras
de imagens, sussurros
de pregos trôpegos
curvados pelas sombras.

Já não escuto a voz
nem sinto o bocejar da noite
apenas as linhas,
que escrevo sobre
o papel da minha alma.

As letras miudinhas
confundem-se no branco
dos lençóis remendados
onde o silêncio se aconchega,
do ruído que não chega
do ranger das portas
que já não se abrem

adormeço sem saber se volto…
…no rodopio das cortinas
da minha liberdade.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ah filho de Maputo!



Ah filho de Maputo!
que ranges balas aos teus,
matas crianças aquém…
…aquém de fome
se matam também.

Ah filho de um Cabrão!
lambes a morte
do teu filho sem nome
onde a miséria
se consome
a um palmo do chão.

Ah filho de Maputo!
que puta alguma te pariu,
soubesses tu o nome
de quem te alimenta,
esquecerias o teu.