quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Lançamento do Livro "Nono Sentido" de Carlos Val, pseudónimo literário de Conceição Bernardino




O autor, Carlos Val, pseudónimo literário de Conceição Bernardino, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro “Nono sentido” a ter lugar no Olimpo Bar Café, sito na Rua da Alegria, 26, no Porto, no próximo dia 17 de Março, pelas 17:00.

Obra e autor serão apresentados pela poetisa Rosa Maria Anselmo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Plutocracia





Devolvo-me à superfície das pedras
Como um nómada acabado de nascer
Entre as muralhas ilegítimas
Desta mediocridade ornamental, apressada
Pelos barões, pelos bastões
Desta lacónica pátria
Pendurada na palma da mão
Do pedantismo dos pombos
O Führer acendeu a tocha
Nas chagas de um Cristo todo-poderoso


Conceição Bernardino

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Retalhos V



Fui crescendo na morte, que corroía as linhas paralelas das minhas mãos semiabertas. Aprendi rapidamente a renascer nos braços abertos de um espantalho, usurpando o medo que consumia os horizontes da minha solidão. Quis correr mas não tinha pernas, qualquer mortalha ostentava a minha condição de pássaro ferido, à procura de uma migração prematura onde os poetas só mudam de pena.
Nem as serpentes de aço em que me enclausuraste calaram a minha austeridade de mulher, [deformada] por um vilão que se alimentava de pombos mal definidos.


Conceição Bernardino

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

As pupilas dilatadas da saudade


No verde dos olhos esconde-se uma flor de aço
Na ilusão comestível do entardecer os passos
Apressam o aspecto do meu corpo, corro
Como limalhas em horas de ponta à procura
Da última chuva que se acomoda na lama
No silêncio os violinos molham-me o rosto

Os dedos dormentes abrigam-se num fólio
De sílex sobre as pupilas dilatadas da saudade
Ama-me antes que a chuva se dissolva
Num adeus prematuro nos teus lábios.

Conceição Bernardino

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Este é para ti, meu amor…

                               

Meu amor, se soubesses como procuro dentro do teu olhar o vazio que deixas repousar sobre os teus ombros encolhidos, quando o silêncio se pronuncia por ti nas palavras não ditas, sinto-me tão impotente nesse ensejo que daria os meus olhos para te encontrar
Olho-te, arranco-te um sorriso feito de emoções embrulhadas nos nossos corpos, num papel de abraços cristalinos e a lágrima cai sobre um laço de amor que não se explica sente-se mutuamente em cada segundo que passa, por mais doloroso que seja, por mais feliz que te veja é assim que nos protegemos, ontem tu hoje eu.
 Hoje jurei que não choraria: mas sabes às vezes sinto tantas saudades daqueles tempos em que me deitava no teu regaço com medo da vida e tu consolavas a minha dor a incompreensão que emergia dentro de mim. Quando saímos juntas para comer um gelado nas noites quentes de Verão.
Ò meu amor, minha mãe como se explica este amor que sinto por ti, às vezes dói tanto que sangra…talvez seja as dores de um parto abençoado que carregamos juntas todos os dias.
    
 Conceição Bernardino