aceito a inutilidade que carrego nas
mãos,
os quartos são sempre iguais,
o eco das paredes
permanecem terrivelmente sós,
tão sós como as folhas que se mutilam
nos passos cansados por um par de botas
abandonadas
o vazio das algibeiras preenchem
este pedaço de terra que me desola o
peito,
de dentro arranco um rio infindo
de moinhos,
o pão é talhado ruidosamente
pela febre de bocas que mastigam a minha
sanidade
onde quer que poise o olhar
o retorno do vento é sempre veloz,
a mecha já não adorna as candeias,
vejo-me no meio do hall,
completamente perplexo,
as vozes rogam pela vida
ainda moro
no infinito das coisas simples,
onde o mar começa
e a noite acaba,
onde as flores fazem amor ao relento,
e os lobos
se deitam comigo
à procura da lua dentro do meu quarto
crescente
Conceição Bernardino
Desenho feito a pastel - tamanho A3
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