domingo, 22 de maio de 2011
que bem que me sabe o bolor…
Lambo as feridas como um cão sarnento,
Já não consigo, sequer fugir de mim
Fogem todos, afastam-se do nojo que lhes meto
Deliro, que bem me sabe o gosto a bolor.
Ainda agora dobrei o Cabo da Boa Esperança
Mas o Adamastor não me reconheceu,
Já não iço as velas no vento disperso.
- Oh, homem do leme onde está Bartolomeu?
Tenho a bússola do tempo pregada nos pés
E na boca, um mar que ninguém crê
Afastem-se das tormentas do meu dorso
Afoguem as cataratas destes olhos cegos
Que rejeitam, este fardo desprezível de lazarone.
- Ah cão de merda, porque não morres como um homem?
Conceição Bernardino
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Canções (só)ciais à moda da casa II – Ò Zé aperta o cinto
(Poema inspirado na canção do Maria Clara “Ò Zé aperta o laço”)
O Zé andava esfarrapado
Remendado, quase nu
Quanto mais atassalhado
Mais se lhe via o cu.
Viu a troika a chegar
Com tesouras afiadas
E o povo a gritar
lá vem as alfinetadas.
Ó Zé aperta o cinto
Ó Zé aperta-o bem
Ó Zé aperta o cinto
Ó Zé aperta-o bem.
Que o cinto bem apertado
Ai, ó povinho fica-te bem
Que o cinto bem apertado
Ai, ó povinho fica-te bem.
Com um cinto tão apertado
e os gases retidos na fonte
deu-lhe um ataque modelado
E Pec’s moles ao monte.
Combinou-se o orçamento
era duro, austero e medonho
E até nesse detrimento
Ele ouviu cantar em povo.
Ó Zé aperta o cinto
Ó Zé aperta-o bem
Ó Zé aperta o cinto
Ó Zé aperta-o bem.
Que o cinto bem apertado
Ai, ó povinho fica-te bem
Que o cinto bem apertado
Ai, ó povinho fica-te bem.
Não existe dois sem três,
Os buracos que o Zé fez
Guarda o cinto, esfomeado
que comprou a um chinês.
Mas o pobre do Josézito
Sempre foi trabalhador
A câmara fez-lhe um manguito
E despediu o varredor.
Ó Zé aperta o cinto
Ó Zé aperta-o bem
Ó Zé aperta o cinto
Ó Zé aperta-o bem.
Que o cinto bem apertado
Ai, ó povinho fica-te bem
Que o cinto bem apertado
Ai, ó povinho fica-te bem.
Conceição Bernardino