quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dobro-me sobre as migalhas



Dobro-me sobre as migalhas calcinadas
num asfalto qualquer infecundo de clemência.
Espargem olhares incómodos,
 sobre a minha abóbada arruaceira.

Perdi a minha morada num portal fausto
desobedecendo à nobreza…
 … da minha instável pobreza.

Pesa-me nos bolsos sujos, a desdita
 honestidade enfatuada  da burocracia.

Alegra-me o sorrir da noite
  e as vozes que não ouço,
 as manhãs frias, vazias,
 que calo nos bancos de jardim.

Dobro-me sobre as migalhas arraigadas…
na inquietude que ainda esperam de mim.

1 comentário:

Clarisse Silva disse...

Bravo Conceição!

Beijo,
Clarisse