quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Simplesmente Mulher



Já não consigo compassar o tempo que perco nas pálpebras adormecidas do teu rosto, ainda ontem me sorrias, com um beijo maroto, que roubavas inocentemente dos meus lábios. Se ao menos eu pudesse devolver-te esses momentos de menina, jamais teria crescido sem me saber mulher…
…mulher, enganei-me tantas vezes, mulher, ao crer numa liberdade camuflada de calças, onde o imperialismo hasteou a bandeira da igualdade entre as pernas e a inferioridade das saias critica as próprias coxas.
Quem me mandou lançar sobre as paredes inocentes sombras gémeas que nunca se tornariam numa só.
Se algum dia te perguntarem o meu nome, diz-lhes:
- Chama-se Mulher.

Conceição Bernardino

3 comentários:

Clarisse Silva disse...

Olá Conceição,

Embate sobre a compreensão uma força qualquer - qual tempestade em ebulição! É sentir a cada palavra a palavra “força” a tornar-se pequena, nessa tempestade no mar que se tornou tsunami. Seja talvez, também, a destruição das correntes que aprisionavam, rumo à liberdade. É toda uma transformação de prisão em liberdade com tudo o que isso mesmo acarreta. Só se liberta quem encara a sua própria força (acredito que todos a temos), a aceita e a coloca em prática. Tudo isto para dizer que considero extraordinário esse sentimento que emana da sua escrita, comum em todos os textos que leio - sente-se a força a fluir...
Saudações,
Clarisse Silva

Maria João Brito de Sousa disse...

Gostei, Conceição Bernardino! Tem força, a sua poesia!

M. João

JOAQUINA VIEIRA disse...

Muito bom!! Sua prosa se identifica um pouco com a minha.

A alma se liberta,
na escrita desperta
em caminhos, sombrios
no trevo e no lirio,
quando se abre ao jasmim.
tudo sao odores,com terapia...
assim a poesia nasce,
na mão do poeta,
com alma inguieta..
abraço, joaquia