quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Rasgo o céu no meu peito




Termino-me na manhã que não chega,
nas ruas de terra batida, onde os meus passos já não deixam marcas.

Rasgo o céu no meu peito
à procura dos gritos esfomeados,
dos melros que esvoaçam nos pinheirais da minha inocência.
As cartas eram escritas com letras acetinadas sem direcção,
lavradas na terra em folhas de hortelã,
o tempo esgueirou-se do meu olhar adocicado,
roubou-me as papoilas,
onde eu repousava o cálice compassivo da vida.

Rasgo o céu no meu peito
aonde as esmolas são dadas sem caridade,
como quem apregoa hipérboles decadentes
nos murmúrios das fontes, enfadadas pela alcoolemia
das larvas dos meus braços, à espera da metamorfose
obsoleta das palavras que estrugem na boca do inferno.

Termino-me na manhã que não chega,
e renasço na chegada onde me termino.

6 comentários:

Unknown disse...

Lindo poema...
E' uma alegria vir e ler um pouco do belo que tens aqui... :o)
Beijos, flores e muitos sorrisos!

Joao norte disse...

Bonito poema. Parabéns.

Luis Ferreira disse...

Amiga, espero que esteja tudo bem contigo.

Sem avisar, apareci nesta tua casa e nela naveguei, sentindo o perfume das tuas palavras na minha face, como uma brisa suave que dava cor á minha alma.

Como sempre, gostei dos teus poemas

Bjs com amizade
Luis

Dia 21 conto contigo

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Seu blog é maravilhoso e você uma poetisa verdadeira que sabe o que faz e como faz!!!

Parabéns,uma beleza!

Beijo!

Sonia Regina.

Arséne Lupin disse...

Do escuro da nossa mente surgem por vezes os fantasmas.
Bonito blog o seu...

AL

Anónimo disse...

Já não me bastava o FCP.
Pouco a pouco tenho vindo a descobrir que no norte a poesia anda no ar, que há gente a colhê-la basta e suculenta e pô-la assim
em mesas como a tua para saciar a fome de ideais deste mundo que é o nosso e não parece
Beijos
José Brás