quinta-feira, 7 de abril de 2011

olha-me sem dor…



Desenha-me no fundo da chávena


onde as borras do café


se esbarram no meu rosto.


Ainda me resta a cafeína


na cor da minha pele



[Naquela cor reproduzida


no pincel da chibata]



[Desenha-me de qualquer cor


pouco me importa]



Rasguei a carta de alforria,


a sentença, a liberdade condicional.


Retalhei-me por dentro e por fora


com o mesmo olhar negro,


com que retalharam a pele branca


da minha mãe…



Conceição Bernardino

8 comentários:

Ernesto Castanha disse...

Olá tudo de bom ...

Lindo Poema ..!

Ernesto Castanha

Antober disse...

Poema cheio de força e de autenticidade.
Tema ainda muito oportuno lamentavelmente.
O nosso abraço e a nossa estima
Antonius Olema

tecas disse...

Estupendo poema!
«Rasguei a carta de alforria,
a sentença, a liberdade condicional.
Retalhei-me por dentro e por fora
com o mesmo olhar negro,»
Amor desamor na dor.
Cheguei ao seu blog por um amigo.
Boa poesia.
Parabéns.
Um bjito e uma flor

Eliane Accioly disse...

que alegria conhecer você, poeta lusa. Vamos trocar e nos visitar, seja, bem vinda!

Eliane Accioly disse...

O poema é forte e belo, me toca a alma feminina.

São EsteveSantos disse...

Poema de grande belesa.

tecas disse...

Poema repleto de sensibilidade e revolta, sobre a escravatura!
«Ainda me resta a cafeína
na cor da minha pele»
Não é só bonito, tem muito mais que beleza...
Bjito e uma flor.

Daniel Aladiah disse...

Querida Conceição
Senti a poesia da sanzala, em tempos que não de agora...
Um beijo
Daniel