quinta-feira, 22 de julho de 2010

"Já agora mate-me" - Dedicado a Catarina Eufémia




Nas folhas secas do meu ventre


sinto o entardecer da aurora,


vestida de luto



Nas andorinhas que não chegam


conto as rugas


na cera derretida,


que ainda desliza no meu rosto


num pavio, quase ignorado



Ceifaram-me o trigo


num Maio, ainda maduro


a terra petrificou-se


de branco marmórea



Nas folhas secas do meu ventre


a fome ainda chama por ti,


a liberdade ficou esquecida


na sombra, da azinheira


que te viu morrer


1 comentário:

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

As folhas do ventre secam na espera de quem só desprezou a vida pulsante ali, à espera da acolhida, do abraço, da [con]fusão mais bem-vinda...