quinta-feira, 10 de novembro de 2011

De que cor é a morte?



 
Vou refinando a morte
Sem suster a respiração
Qualquer uma me serve
Anui-me como uma luva

Tenho as medidas certas
E os olhos revirados,
Divididos ao meio, urdidos
Por linhas descontínuas

[De que cor é a morte?]

Pintá-la-ei de frutos
Silvestres, quem sabe
De álcool com amoras
À mistura, ou de rosas
Murchas sem pétalas

Mas tudo bem,
Deixem-se de merdas
Eu também já estive
Morta antes de nascer


Conceição Bernardino

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