Depois de atravessar ruas desertas, olhou, sorriu e disse-me:
- Choro de alegria meu amor.
Sufoquei por uns segundos o pestanejar da luz das coisas simples, naquele momento revivi todos os dias da minha vida como se carregasse sacos cheios de aventuras. Senti-lhe o cheiro a leite, enquanto amamentava o meu corpo franzido, os seios rígidos que me protegiam eram os mesmos que hoje me abraçavam, frágeis, desprotegidos.
Olhei-a na perfeição dos meus olhos, tão hermeticamente fechados como botões de rosas acabados de nascer. Desfolhei os espinhos cravados nas ruas desertas onde demos as mãos tantas vezes, chorei finalmente, e disse-lhe:
- Caminha minha mãe, abraça-me preciso tanto de ti.
...Maria, Mulher entre as Mulheres.
Conceição Bernardino
2 comentários:
Belíssimo texto, escrito com a alma...
Querida amiga Conceição, tem um bom domingo.
Beijos.
Olá Conceição,
Os meus olhos percorrem ofegantes as linhas certas escritas, e o coração acompanha no mesmo ritmo, como se não houvesse amanhã!
Lindo!
Beijo,
Clarisse
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