Desenha-me no fundo da chávena
onde as borras do café
se esbarram no meu rosto.
Ainda me resta a cafeína
na cor da minha pele
[Naquela cor reproduzida
no pincel da chibata]
[Desenha-me de qualquer cor
pouco me importa]
Rasguei a carta de alforria,
a sentença, a liberdade condicional.
Retalhei-me por dentro e por fora
com o mesmo olhar negro,
com que retalharam a pele branca
da minha mãe…
Conceição Bernardino
8 comentários:
Olá tudo de bom ...
Lindo Poema ..!
Ernesto Castanha
Poema cheio de força e de autenticidade.
Tema ainda muito oportuno lamentavelmente.
O nosso abraço e a nossa estima
Antonius Olema
Estupendo poema!
«Rasguei a carta de alforria,
a sentença, a liberdade condicional.
Retalhei-me por dentro e por fora
com o mesmo olhar negro,»
Amor desamor na dor.
Cheguei ao seu blog por um amigo.
Boa poesia.
Parabéns.
Um bjito e uma flor
que alegria conhecer você, poeta lusa. Vamos trocar e nos visitar, seja, bem vinda!
O poema é forte e belo, me toca a alma feminina.
Poema de grande belesa.
Poema repleto de sensibilidade e revolta, sobre a escravatura!
«Ainda me resta a cafeína
na cor da minha pele»
Não é só bonito, tem muito mais que beleza...
Bjito e uma flor.
Querida Conceição
Senti a poesia da sanzala, em tempos que não de agora...
Um beijo
Daniel
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